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Mostrando postagens de 2023

intergeracional

a geração da Nonna foi marcada por privação, ao passo que ela jovem viveu a segunda guerra mundial. a típica família descendente de alemão/italiano* que venceu na vida através do trabalho no campo. mamãe e papai viveram o próprio êxodo, e encontraram no funcionalismo público a estabilidade pra viver uma boa vida. a partir disso que tivemos os privilégios que nos deram, como estudo de qualidade e o incentivo a fazer um curso superior. esperam em nós o que eles mesmos alcançaram. meus irmãos cumpriram o papel, ambos funcionários públicos, casados, com casa, carro e filho. o pacote completo. sob essa ótica, orgulhos da família. já barb e eu, apesar do diploma, não seguimos o mesmo rumo - até tentamos, mas às duras penas descobrimos (talvez cedo demais) que não era nossa praia. ambas, trabalhando como assessoras em órgão público em cidades do interior iniciadas com a letra C (apenas uma curiosidade que eu aprecio), ganhando talvez mais que o restante da família, descobrimos que o dinheiro
  apesar da quantidade de coisas feitas hoje, sinto que finalizar o dia escrevendo será o abraço na alma depois de um encontro que preencheu um suposto vazio, onde muito foi emanado, passei da vontade latente de expandir para a realização não acredito que as coisas ocorram por acaso, passei o dia com sorriso bobo no rosto, sinto-me esperançosa

Suddenly I see

 Chegaram em casa, com a vontade de assistir a um “filme de garotas”, pois, afinal, era sábado à noite. O filme em questão é aquele que, nas palavras de Gabi, tem uma música da Lizzo enquanto a personagem principal - que fez Jane, the virgin - cantando na cozinha. Barb também não lembra o nome, mas isso não é importante, porque a memória virá no momento certo. O que importava era o desejo de Barb de ver um episódio de Insecure antes do filme, posto que as duas passaram o dia inteiro se entreolhando e comentando apenas “e a Molly, hein?!”. Diga-se de passagem que não assistiram a apenas um, mas a dois episódios, porque afinal de contas é impossível consumir um único pedaço de Insecure - é bom demais, pede bis. Contudo, antes mesmo do play, Gabi relembrou a irmã que haviam comprado morangos congelados da promoção, e que, por ser um sábado longe dos perigos noturnos, mereciam uma vitamina caprichada com banana. Acontece que a essa ideia foi acrescentado álcool. Gabi, como quem não quer na

sobre leitura

Minha mãe é professora, e meu pai era policial. Ambos valorizavam muito a educação como forma de vencer na vida, a exemplo da história deles. Certa vez, buscando incentivar a leitura em nós (Barb e eu), pra que isso levasse ao gosto pelo estudo, papai nos levou à Biblioteca Monteiro Lobato e deixou que cada uma escolhesse um livro pra levar pra casa. Obviamente eu escolhi gibi da Mônica, porque eram inacessíveis pro nosso contexto econômico. Papai deixou. Porém, na próxima vez que nos levou lá, fui seca nos gibis novamente. Ele disse que eu poderia ler um pouco lá na biblioteca mesmo, mas que para levar pra casa eu deveria escolher algo diferente. Então, comecei a passear pelas prateleiras, analisando tudo o que tinha ao meu alcance, até encontrar um livro perfeito pra ler naquela semana. Fiquei namorando um livro enorme e cheio de fotos de Shakespeare, mas como ele tinha um número considerável de páginas (informação importante pra Gabi criança) eu pensava nele como uma meta - quando e

Amor e ódio

  Penso em cultivar o amor, como o verbo sublime, em todas as relações.  Assim, quando surge uma adversidade, eu escolho o caminho do amor. Houve situação em que, pautada por esse sentimento, não escolhi lados, porque acredito que amor mal resolvido vira ódio. No entanto, seguindo essa premissa, numa nova situação que ocorreu com pessoas próximas a mim novamente, minha conduta foi respondida com ódio e com violência. Eu compreendo que isso diz sobre quem a pessoa é, e não sobre mim, revelando o conteúdo de si mesmo que até então estava escondido. Fazer a separação entre o algoz e eu foi relativamente fácil, apesar dos dias que foram consumidos para digerir essa situação. O que me espanta até hoje é o comportamento dos amigos em comum que não foram envolvidos diretamente nessa situação, mas que escolheram seus lados - o lado da violência. Pessoas por quem eu tinha estima pensaram por bem aceitar a violência contra a mulher.  Agora eu me encontro refletindo sobre essas situações se trata

habite-se

 “Habite-se, alimente-se de si Decido me escolher antes de me dividir (…) Quando me amei de verdade Compreendi que, em qualquer circustância  Estava no lugar certo Na hora certa, no momento exato” Eu me percebo passando por uma nova transformação, podendo me escolher antes de me dividir. Cultivar a minha própria energia, ao invés de transmiti-la sem critérios por aí. Eu sempre namorei, ao ponto de me questionar na terapia se eu seria dependente emocional. E venho compreendendo que não, posto que através das minhas relações eu venho aprendendo sobre mim mesma. Relações são vias de mão dupla, e conforme vou trilhando o meu caminho pelo autoconhecimento, vou descobrindo quem eu sou e quem eu divido com o outro. Porém, chegou o momento de me descobrir sozinha, exercitando a minha liberdade independentemente do outro - afinal, já me conheci bastante sendo uma dupla, agora chegou a hora de me encontrar só.

substituível

  Enquanto a mágoa se fazia presente, só conseguia pensar em uma forma de alcançar o perdão. Foquei nessa intenção por semanas, até finalmente conseguir, através de meditação. Porém, ainda há resíduos dentro de mim. O sentimento de ser substituível me persegue. Pensar que não fiz diferença na vida das pessoas dessa situação, posto que fui substituída por uma de mesma qualidade, quantidade e espécie. Quando ultrapasso uma camada, tem outra mais profunda pra lidar. Não é fácil, e não ajo como se eu soubesse com certeza o que estou fazendo - eu tento pra caralho ser aquilo que eu quero ser. Mas essa sensação de não ter tido valor, que fui simplesmente trocada, me corrói.

quem dera ser um peixe, para em teu límpido aquário mergulhar

meu signo é de câncer, águas rasas não me sustentam mamãe Oxum lida com as emoções,  mergulho em águas profundas. isso quer dizer que pra me atrair (não apenas romanticamente) precisa haver uma troca, cada um tocar a vulnerabilidade no outro, para assim se estabelecer uma conexão sem conexão, a relação fica superficial, perene. 

troca de papéis

Quando a conheci, ela estava presa numa história que não era mais dela, tava acumulando energia negativa sobre uma situação que já não era mais de sua competência. Tinha terminado um relacionamento, e não conseguia lidar com o ex, que seguiu em frente, e atacava sua nova companheira. Passou anos presa nessa energia. Até que a história se repetiu, porém dessa vez comigo. Explico: a relação em que eu estava inserida chegou ao fim, e meu ex seguiu em frente com a minha amiga. Eu, que já não tinha mais a ver com o ex, perdoei a mágoa que senti e também sigo em frente. Agora, espero que a amiga possa aprender sobre responsabilidade afetiva, sobre não vibrar no ódio, principalmente quando a situação já não lhe caiba mais. Quando os papéis se invertem, temos uma segunda chance de repensar a vida, ponderar nossas atitudes, ou mesmo aprender lidar com as situações a que não temos controle. Como dito acima, eu perdoei e vibro no amor - essa é a MINHA história, é a energia que eu emano. Como uma

reconhecer o passado pra viver o presente

 eu acho engraçado pensar que quando adolescente eu tinha um forte apelo à inteligência - queria ser cult, acabei sendo culta (e há uma grande diferença entre os dois termos); hoje, acredito que tendo mais à elevação moral. tô tentando trilhar o meu caminho com base na bondade, na comunicação, na caridade e no perdão às ofensas e aos meus desafetos - isso não implica que eu sei 100% o que tô fazendo, mas apenas que eu tô tentando.  inclusive, eu acredito muito que o importante é tentar, a intenção posta naquilo que se busca. eu não vou me submeter à pressão pela perfeição, não mais, pois como um ser humano eu sou cheia de falhas, tenho o meu viés, as minhas crenças (limitantes). porém, em cada tropeço eu reflito o que aconteceu de positivo e negativo pra tentar extrair o máximo de aprendizado que conseguir.  assim, espero, a próxima pedra no meu caminho pode se tornar um cadin menor, até chegar ao ponto de não me derrubar. hoje, eu quero ser capaz de acessar a todos, todas as camadas,
 Nós não temos a capacidade de controlar o que acham de nós, a opinião que têm. Ainda, nós falamos dos outros aquilo que reconhecemos como NOSSO. Um espelho.  Eu tô do lado do amor, e não da violência. No fim do dia eu faço as minhas preces, e durmo em paz. 
  Tem pessoas que vêm pra somar, e tem gente que soma pra caralho! Eu sou grata por aqueles que passam pela minha vida, cada um deixa um pouquinho de si e leva um bocadinho de mim, numa troca. Assim, continuo completa, cheia de mim através das conexões que criamos.

Lidando com demônios: abandono

 Escrevo enquanto grogue de sono, pois mais uma vez a suspensão do véu da realidade me permitiu enxergar coisas que antes não. Desta vez, num pesadelo em que fui substituída por outra personagem, me dei conta de que preciso lidar com o sentimento de abandono. A primeira vez que passei por isso foi quando me senti abandonada por Deus na pandemia - um período obscuro na história de milhões de pessoas, inclusive na minha, que recai na depressão. O abandono chega sem se anunciar, toma conta do que pode e vai embora, não deixa explicação, nem bilhete. Na epifania de hoje, acordei de um pesadelo onde fui abandonada afetivamente pelo meu ex-namorado, substituída por outra mulher. Foi o clique pra que eu refletisse. No abandono eu me sinto só, como se perdesse a capacidade de olhar ao meu redor e perceber presença e afeto. Até que esse sentimento seja devidamente processado, é isso o que ele deixa. Agora, conhecendo-o, posso começar a lidar com ele. Vou voltar a dormir, quem sabe tenho um sonh
  Estamos vivendo a partida da minha avó. Isso, enquanto assistimos incomodados o etilismo do meu pai. Sinto tantas coisas, penso tantos pensamentos, faço tanto por tantos outros, mas também por mim mesma. Gostaria que minha memória preservasse algumas lembranças, momentos bonitos que eu registrei mental e emocionalmente. Gostaria de escrever mais sobre isso tudo, enquanto vivo e as memórias estão frescas enquanto são criadas, mas preciso estar presente.

Resiliência (II)

  Fazendo uma revisão mental numa sexta-feira atípica, refletindo sobre como passou a última semana, senti-me feliz. Não que os acontecimentos tenham sido felizes por si só. Não, enfrentei muito nos últimos dias: ofertar apoio emocional, dar bronca, segurar a barra, cuidar, exercer afeto. Porém, desta vez, o cansaço foi apenas físico - não houve abalo emocional. A resiliência torna nossas cicatrizes mais grossas, nos deixa mais forte para levantar, sacudir a poeira e seguir em frente.  Isso exige energia, no entanto, e nessa semana busquei renova-la a partir dos pequenos detalhes, numa forma de contenção de danos, atiçando o modo de economia de energia. Diminui a intensidade aqui, ponderei ali, busquei de lá. Hoje eu entendo a luta diária da mãe por tomar um banho (relaxante) e lavar o cabelo. [continua]

movimento. crescimento. intuição.

eu sempre fui intuitiva, mas na minha vida era automático eu decidir pelos outros, no lugar de decidir por mim - dizer sim para o outro, e não para mim mesma. então, num dado momento, comecei entender que na minha cabeça o comando era um, e na ação eu escolhia outro. comecei notar esse padrão, cada vez mais frequente, e sempre acompanhado do sentimento de que devia ter seguido minha intuição. - poxa, pensei nisso agorinha, mas não fiz - pensei em mandar mensagem pra fulano, mas acabei esquecendo - senti que não devia ter vindo, mas vim e agora tô mal percebendo o padrão, decidir de forma ativa e consciente por respeitar a voz que tenho na cabeça exigia um esforço que ainda não estava pronta pra exercer. até este momento. agora comecei a ouvi-la, a interpretar a mensagem que brota de dentro de mim, como se fosse o anjo da guarda sussurrando no meu ouvido. sinto como se pudesse fazer pequenos acordos com os seres superiores, como emanar energia e  confiança em determinada vontade, e ser

meu manual do aplicativo de encontros

 Com muita foto usando óculos não pode; Se for só uma, e de óculos também, é feio; Ficou na dúvida? Deixa pra decidir na próxima vez; Sem descrição é suspeito, não dá dicas; Se mostra lugares diferentes, legais, mostra ser uma pessoa que gosta de conhecer coisas novas, dá ganchos pra conversar; Foto de paisagem, coisa abstrata ou de banco de imagens: fuja; Se tá longe, nem perca tempo; “Casal procura menina” - risos; Se esforçou na bio, mostra se importar; Chamou atenção pelas fotos? Vê se as informações pessoais interessam antes de arrastar pra direita; Ou não, da pra arriscar a se divertir e experimentar também; Mas tenha certos critérios, seguranças, afinal, não é fácil ser mulher.