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sobre leitura


Minha mãe é professora, e meu pai era policial. Ambos valorizavam muito a educação como forma de vencer na vida, a exemplo da história deles.
Certa vez, buscando incentivar a leitura em nós (Barb e eu), pra que isso levasse ao gosto pelo estudo, papai nos levou à Biblioteca Monteiro Lobato e deixou que cada uma escolhesse um livro pra levar pra casa.
Obviamente eu escolhi gibi da Mônica, porque eram inacessíveis pro nosso contexto econômico. Papai deixou. Porém, na próxima vez que nos levou lá, fui seca nos gibis novamente. Ele disse que eu poderia ler um pouco lá na biblioteca mesmo, mas que para levar pra casa eu deveria escolher algo diferente.
Então, comecei a passear pelas prateleiras, analisando tudo o que tinha ao meu alcance, até encontrar um livro perfeito pra ler naquela semana. Fiquei namorando um livro enorme e cheio de fotos de Shakespeare, mas como ele tinha um número considerável de páginas (informação importante pra Gabi criança) eu pensava nele como uma meta - quando estivesse lendo o suficiente pegaria ele sem dúvida.
Uma coisa importante a ser compartilhada é que papai e mamãe nos pagariam por cada livro lido - coisa de $1 ou $2 reais pra gente comprar uns doces no bar do seu Beto.
No começo eu lia por obrigação; lembro de uma vez que chegou o dia de devolver os livros à biblioteca e eu não tinha terminado de ler o meu, então papai ficou esperando enquanto eu lia apressadamente, pra poder ganhar o dinheirinho por aquele livro.
Loguinho Bárb e eu começamos devorar livros maiores, e não somos bobas, então pedimos para aumentar o prêmio. Papai e mamãe adoraram ver o nosso gosto pela leitura, e compraram a ideia. Pra nós duas, era ganho-ganho, obviamente.
E assim alçamos voos maiores: o primeiro combinado foi um dinheirinho por livro; depois dois dinheirinhos por cada cem páginas; de repente estávamos ganhando dez dinheirinhos por livros grandes, até que chegou o ponto em que eles pararam de nos pagar pela leitura, porque ela em si já era a recompensa.
Não me vejo hoje sem o que eles construíram em/para mim.



 

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Meninas olham todos os aspectos de um menino, mas o que notam/desejam primeiro sãos os olhos, a feição. Porque é isso que importa: o que ele tem a oferecer a você. O corpo e afins são só o ônus disso tudo.