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hoasca

consagrando ayahuasca eu pude viver muitas vidas fui felina, fui andrógina, fui filha da mata, filha do mundo (fiz morada no caminho), tive tranças e dreads  fui derretendo, mas também minha pele foi grudenta e irresistível passar a língua nos meus dentes caninos fizeram eu me sentir uma onça pintada, braba e manhosa, que sobe em árvore pra deitar chorei de amor pelos sobrinhos, pelo afeto admiração e respeito que estamos cultivando; sinto que esse amor foi um sentimento de vibração tão elevada que me levou pra borracheira também vivi uma vida com meu sobrinho mais velho, como irmãos; vivemos a adolescência e o começo da fase adulta juntos - eu o vejo, e o sinto,  vi nele muito de mim, no jeito e na aparência vivi um romance sáfico do jeito que eu imaginava ser, gostoso ser mulher e cultivar outra comigo, vivi minha própria saída do armário, experienciando o nervosismo de conhecer e fazer parte da vida dela ri do cachorro caramelo que olha de soslaio, ri do “mestre” mais velhinho, uma
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sonho de menina e o caminho que me trouxe até aqui

  Conversando com Bárb outro dia eu me dei conta de um possível ponto chave na minha vida: o dia em que tive oportunidade de trair meu namorado, realizando um sonho de criança, mas não o fiz. Desde criança eu via um garoto na igreja católica e pensava que seria meu sonho casar com ele. Ele era o modelo de rapaz perfeito: bonito, inteligente, educado. Quando adolescente, a gente começou a conversar via skype e surgiu um interesse mútuo. Ele morava em outra cidade e por isso a conversa virtual.  Veio visitar a família durante as férias e ficamos de mãos dadas na igreja, pq aquilo era meio que a realização do meu sonho de criança, então eu quis aproveitar o que pude sem me trair e sem trair a confiança do meu namorado. Depois do culto ele tentou me beijar, mas na deixei, dizendo que namorava. Aquilo partiu o coração dele, quase chorou de choque. E me abandonou, sozinha na rua da igreja, deserta. Nunca mais conversamos. Crescemos, ele se casou. No natal passado veio com a esposa visitar os

intergeracional

a geração da Nonna foi marcada por privação, ao passo que ela jovem viveu a segunda guerra mundial. a típica família descendente de alemão/italiano* que venceu na vida através do trabalho no campo. mamãe e papai viveram o próprio êxodo, e encontraram no funcionalismo público a estabilidade pra viver uma boa vida. a partir disso que tivemos os privilégios que nos deram, como estudo de qualidade e o incentivo a fazer um curso superior. esperam em nós o que eles mesmos alcançaram. meus irmãos cumpriram o papel, ambos funcionários públicos, casados, com casa, carro e filho. o pacote completo. sob essa ótica, orgulhos da família. já barb e eu, apesar do diploma, não seguimos o mesmo rumo - até tentamos, mas às duras penas descobrimos (talvez cedo demais) que não era nossa praia. ambas, trabalhando como assessoras em órgão público em cidades do interior iniciadas com a letra C (apenas uma curiosidade que eu aprecio), ganhando talvez mais que o restante da família, descobrimos que o dinheiro
  apesar da quantidade de coisas feitas hoje, sinto que finalizar o dia escrevendo será o abraço na alma depois de um encontro que preencheu um suposto vazio, onde muito foi emanado, passei da vontade latente de expandir para a realização não acredito que as coisas ocorram por acaso, passei o dia com sorriso bobo no rosto, sinto-me esperançosa

Suddenly I see

 Chegaram em casa, com a vontade de assistir a um “filme de garotas”, pois, afinal, era sábado à noite. O filme em questão é aquele que, nas palavras de Gabi, tem uma música da Lizzo enquanto a personagem principal - que fez Jane, the virgin - cantando na cozinha. Barb também não lembra o nome, mas isso não é importante, porque a memória virá no momento certo. O que importava era o desejo de Barb de ver um episódio de Insecure antes do filme, posto que as duas passaram o dia inteiro se entreolhando e comentando apenas “e a Molly, hein?!”. Diga-se de passagem que não assistiram a apenas um, mas a dois episódios, porque afinal de contas é impossível consumir um único pedaço de Insecure - é bom demais, pede bis. Contudo, antes mesmo do play, Gabi relembrou a irmã que haviam comprado morangos congelados da promoção, e que, por ser um sábado longe dos perigos noturnos, mereciam uma vitamina caprichada com banana. Acontece que a essa ideia foi acrescentado álcool. Gabi, como quem não quer na