Pular para o conteúdo principal

hoasca

consagrando ayahuasca eu pude viver muitas vidas
fui felina, fui andrógina, fui filha da mata, filha do mundo (fiz morada no caminho), tive tranças e dreads 
fui derretendo, mas também minha pele foi grudenta e irresistível
passar a língua nos meus dentes caninos fizeram eu me sentir uma onça pintada, braba e manhosa, que sobe em árvore pra deitar
chorei de amor pelos sobrinhos, pelo afeto admiração e respeito que estamos cultivando; sinto que esse amor foi um sentimento de vibração tão elevada que me levou pra borracheira
também vivi uma vida com meu sobrinho mais velho, como irmãos; vivemos a adolescência e o começo da fase adulta juntos - eu o vejo, e o sinto, vi nele muito de mim, no jeito e na aparência
vivi um romance sáfico do jeito que eu imaginava ser, gostoso ser mulher e cultivar outra comigo, vivi minha própria saída do armário, experienciando o nervosismo de conhecer e fazer parte da vida dela
ri do cachorro caramelo que olha de soslaio, ri do “mestre” mais velhinho, uma figura; ri por conhecer as pessoas sem meu ego, sendo acolhida, ri porque apesar da minha experiência borboletinha, fui avisada que meu arrocho também vai chegar
eu vivi muito ontem, tudo o que eu pude imaginar, sem pressa e sem medo de acabar, estive presente nas interações e respeitei meus questionamentos, fazendo-os em voz alta e sem vergonha
tive vontade de fazer errado ao chegar em casa e tomar um banho pra chamar a borracheira de novo, mas fui paciente e tentei dormir - pelo que pareceram horas, a cabeça a mil, se agarrando a qualquer viagem sem me deixar ao menos fazer uma prece - exausta do trabalho mental, elevei meu pensamento pra Jesus com muita garra e, como se estivesse correndo, falei as palavras de encerramento, que vão levando a borracheira e levou, dormi e acordei descansada em menos de sete horas de sono - o sono da justiça - feliz, dando bom dia cheio de amor
rainha da luz e ao rei da força permanecem comigo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

:)

sobre leitura

Minha mãe é professora, e meu pai era policial. Ambos valorizavam muito a educação como forma de vencer na vida, a exemplo da história deles. Certa vez, buscando incentivar a leitura em nós (Barb e eu), pra que isso levasse ao gosto pelo estudo, papai nos levou à Biblioteca Monteiro Lobato e deixou que cada uma escolhesse um livro pra levar pra casa. Obviamente eu escolhi gibi da Mônica, porque eram inacessíveis pro nosso contexto econômico. Papai deixou. Porém, na próxima vez que nos levou lá, fui seca nos gibis novamente. Ele disse que eu poderia ler um pouco lá na biblioteca mesmo, mas que para levar pra casa eu deveria escolher algo diferente. Então, comecei a passear pelas prateleiras, analisando tudo o que tinha ao meu alcance, até encontrar um livro perfeito pra ler naquela semana. Fiquei namorando um livro enorme e cheio de fotos de Shakespeare, mas como ele tinha um número considerável de páginas (informação importante pra Gabi criança) eu pensava nele como uma meta - quando e...

É assim

Meninas olham todos os aspectos de um menino, mas o que notam/desejam primeiro sãos os olhos, a feição. Porque é isso que importa: o que ele tem a oferecer a você. O corpo e afins são só o ônus disso tudo.