Conversando com Bárb outro dia eu me dei conta de um possível ponto chave na minha vida: o dia em que tive oportunidade de trair meu namorado, realizando um sonho de criança, mas não o fiz.
Desde criança eu via um garoto na igreja católica e pensava que seria meu sonho casar com ele. Ele era o modelo de rapaz perfeito: bonito, inteligente, educado.
Quando adolescente, a gente começou a conversar via skype e surgiu um interesse mútuo. Ele morava em outra cidade e por isso a conversa virtual.
Veio visitar a família durante as férias e ficamos de mãos dadas na igreja, pq aquilo era meio que a realização do meu sonho de criança, então eu quis aproveitar o que pude sem me trair e sem trair a confiança do meu namorado.
Depois do culto ele tentou me beijar, mas na deixei, dizendo que namorava. Aquilo partiu o coração dele, quase chorou de choque. E me abandonou, sozinha na rua da igreja, deserta. Nunca mais conversamos.
Crescemos, ele se casou.
No natal passado veio com a esposa visitar os pais, um culto da família eu o vi, apenas seu vulto, no escuro do interior da igreja, num momento de adoração.
Eu não sabia que estava aqui, mas reconheci sua silhueta. Isso é bizarro, porque não o via há quase dez anos.
E tudo isso, pra dizer que apesar de sentir que nosso “destino” iria se cruzar, pensando na possibilidade das realidades paralelas onde nós casamos e nos tornamos o casal perfeito da igreja admirado por todos, eu não faria diferente, pois eu mantive minha escolha.
A Gabi que poderia ter ficado com ele sem que ninguém soubesse e, depois que fosse embora, continuado o namoro como se nada tivesse acontecido, não me traria ao que sou hoje.
Hoje, inclusive, tenho opiniões completamente diferentes sobre relacionamento das que eu tinha no passado, mas isso só é possível por causa do caminho que me trouxe até aqui.
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