18 de Setembro de
2011 é um dos dias que mais... Mas não sei. Não sei mais.
O que sabia foi
apagado e alterado. Por apenas um pulo. Um passo.
A um passo da morte.
A um passo de Deus. O bondoso Deus. Que enviou seu anjo para me salvar.
Mas tem alguma coisa
faltando. As peças não se encaixam. Lembro-me bem. Bem como num sonho.
O sonho que iria
mudar minha vida. Que mudou. De agora em diante me chame de "A Menina que
Sofreu o Acidente". Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Quando vale um
passo? Um que as pessoas desperdiçam e nem sabem o valor; seja sentimental ou real.
Tolos. Tola. Sou
tola. Sou esquecida. Porque eu esqueci.
Sim. Não me lembro do que aconteceu. As cenas que rodam feito uma novela em
minha cabeça foram formadas. Foram formadas por mim e pelo relato dos outros.
Tento imaginar os detalhes, usar a física e a química para reproduzir o
acidente. Porque sou a menina do acidente, esqueceu?
Mas não me conformo.
Não aceito. É surreal!
Ah, eu me lembro
bem. Disso eu me recordo, de dizer: "Sim, estou pronta!" E estava.
Mas não agora. Não estou pronta, sequer preparada. Passo horas dormindo e,
quando estou acordada, divido meu tempo em repetir o que me disseram, consertar
o que aumentam, tomar meus remédios, dizer que estou melhorando, chorar e
passar gelo. Viver é glorioso! É divino. Para mim, agora. Tudo a partir do que
aconteceu, mesmo estando eu lúcida (em termos), não passa de um pesadelo. Sei
que me lembro, porque já estava consciente, mas ainda assim é pesadelo. Um
terrível pesadelo do qual, a cada vez que acordo, tenho a esperança de estar
melhor, de estar como era antes.
Mas não é. Não vou
me olhar no espelho esta semana e ver ele como era antes. Não vou reclamar tão
cedo dos cravos e espinhas que brotam em minha pele. ESTOU VIVA. ISSO É UMA
DÁDIVA. Serei também "A Menina que Sobreviveu" (assim como em Harry
Potter). Sobrevivi. Vivi. Esqueci. É, eu esqueci. Mas me lembro (bem). E vou te
contar: dói pra caramba!
Olho-me no espelho e
tapo a metade inchada do rosto, então vejo apenas a parte
"limpa/bonita" do que restou. Consigo sorrir, só que o sorriso fica
meio deformado, como se não pertencesse (esta semana) ao meu rosto. Meu
deformado rosto. Não pela queda ou pelo baque, mas pelo inchaço, que o deixa
desfigurado.
Não consigo acordar,
me levantar e tomar café sem antes brincar de ser feliz em frente ao espelho ou
ao que aconteceu. Mas com o tempo (espero) meu organismo absorverá o sangue e
minha mente irá superar o acidente. Você aí, que está lendo, acredite ou não em
Deus faça uma oração. Uma oração por mim e por você, que está vivo, inteiro,
psicologicamente, ao menos.
Eu estou quebrada e
apagada. Meu ultimo suspiro e meu ultimo sim antes de apagar e a primeira visão
que tive após acordar são completamente antônimos. Num estava com adrenalina e
noutro, dor. Será que agora posso dormir? Converse comigo, não posso dormir.
Depois que alguém bate a cabeça não pode dormir, senão perde a memória. Me
deixaram cochilar e então eu não me lembrava mais. Ande, não me deixe dormir!
Esteja ao meu lado quando acordar, se isso acontecer. Vou precisar de você: o
tempo todo.
Enquanto você não
chega vou apenas fechar os olhos, prometo não dormir, porque mantê-los abertos
dói. Tudo bem?
Comentários
Estive em Vilhena, a sua cidade é LINDA!
Um beijão, menina.
Sobre Vilhena, também acho o mesmo. ^^