Hoje é dia 19 de
setembro/2011. Tudo, até do que me lembro, não passa de um sonho. O QUE FIZERAM
COMIGO? Quem apertou pause e me colocou no chão com sangue e dores? Quem fechou
meus olhos, quando os mesmos estavam abertos? Eu tinha a areia arranhando-os como
prova disso. E que palavras tiraram de minha boca quando quis gritar (caso me
lembrasse)? A areia que fiquei mastigando por mais de uma hora também é uma
prova.
Por que? Por que?
POR QUE? São tantas palavras escondidas, tantas perguntas não respondidas e
tantas ainda a se fazer. São tantas lágrimas a chorar. São tantas coisas a me
conformar. A dor que vejo nos olhos de minha mãe quando me olha, esta sim, é
incalculável. O esforço que ela faz para não me ver chorar (e o esforço que eu
faço para não deixá-la me ver chorar), para me fazer sorrir, me fazer feliz.
Ainda mais agora, na
situação que nos encontramos. Tantos compromissos. Tantos papéis que provocam
os cabelos brancos brotarem couro cabeludo afora. Por que agora? Por que esse
desastre todo? Por que EU sou tão desastrada e azarada? Ah, meu Senhor, é tão
difícil. Sim, é difícil, sei que sou ingrata por estar viva e reclamando, mas é
que a memória que me tiraram é insuportável.
Quando não pude
responder "que dia é hoje?", "do que você se lembra",
"do que você não se lembra?", "onde você está?", "como
chegou aqui?" "não se lembra do ônibus?" "da igreja?"
ou então a simples pergunta "por que está chorando?, não fique
assim."
Minha Nona me disse:
Você é uma moça tão linda, não fique triste, tudo irá passar, Deus vai te
ajudar, ainda mais, ô minha filha, não chore, é feio moça bonita chorar, bonita
é aquela que não chora, vai.
E a dor que sinto
aqui dentro do peito, que rasga e estraçalha e me mostra que ainda há mais a
descobrir, mais problemas a curar e superar. Você não faz a ideia do que essa
dor me causa, da dor que comove e preocupa minha família e amigos. É, vejo meus
amigos : agora. E saiba: minto. Minto e me engano. A mim mesma, se é possível.
Quando me perguntam se estou bem eu minto. Às vezes é até reconfortante, sabe?
Minha blusa
permanece molhada, mas não por água, por lágrimas, que estão cada vez mais
salgadas. E molham meus lábios e bochechas e pescoço. Que me ardem aos olhos,
lutando e relutando a sair. Esse choro misturado com sangue tentando emergir e,
talvez assim, curar. Mas ele não sai.
Pois eu saio. Saio daqui para bem longe, para meu subconsciente, para tentar me
lembrar.
Espero que me ajude,
mas não me ilude, nem me mime, porque assim se torna mais difícil. De suportar
e superar. "Que seja feita a Vossa vontade".
Amém.
Comentários