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Quando meu inconsciente se encontra livre pra narrar.

1. Do fim para o começo.

Na casa de tia Marlene, Deus apareceu numa forma humana almejando a perfeição. Essa forma humanesca estava corrompida, uma vez que não tinha uma metade das costelas - aquela usada pra compor Eva.

Deus não contava com a existência do robô que habitava a casa da tia, e esse robô, no mister de suas funções, decidiu pela lógica arrumar o ser "humano" que tinha aparecido. Prosseguiu tentando colocar sorrateiramente a costela de volta ao Deus, sob seu manto, até conseguir enquanto o distraía com conversas frívolas.

Ocorre que, obter a coluna de volta, implicaria no desfazimento de suas obras, e Deus não queria aquilo, pois era um ser perfeito. Então, num paradoxo, o êxito do robô fez com que Deus alcançasse a imperfeição por se tornar um ser inteiro.

Com isso, o Deus entrou em choque e o robô conseguiu trançar seu cabelo, como que numa imobilização (à lá Sansão), e o jogou sobre o telhado da casa, a fim de oculta-lo. Deus foi reduzido a uma espécie de gosma alienígena que subsistia apenas em razão da lembrança de seu propósito inicial. Nada mais que isso, porém ainda assim contaminante.

2. Efeito dominó.

Num outro enredo, uma vítima do cancelamento virtual decorrente de seus próprios atos tentava explicar a dificuldade de retornar ao cotidiano pós-julgamento. Teve seu discurso foi interrompido pela aparição de um filhote de gato, arisco, que mais tarde entenderam se tratar de um mistério da natureza: o gato-pai, vendo-se numa situação de risco, levou o filhote que restara vivo a um ambiente que pareceu ser seguro - aquele aglomerado de humanos, reunidos numa mesa farta de comida. No entanto, a natureza do filhote impunha permanecer sob a guarda dos pais, o que explicava sua atitude arisca quando da aproximação dos humanos.

Numa sucessão de fatos, ao tentar alcançar o gatinho, os humanos acabaram por perturbar um formigueiro. Desse formigueiro saíram formigas minúsculas, que andavam imperceptivelmente sobre a pele daqueles em busca do felino. Estes, depararam-se com a gata-mãe, brava ao se dar conta de que tentavam separa-la de sua prole, ferozmente se afugentou subindo pelo muro e ao telhado, longe do alcance humano, e acabaram por topar com o deus-gosma adormecido.

3. Déjà vu.

Numa conversa ao redor de uma mesa de almoço, um grupo de pessoas teve seu assunto interrompido por um gatinho-filhote amedrontado. Olharam pra cima e viram que ele fora derrubado por um gato adulto nas vigas do teto, que correu ao perceber ser notado.

Sem saber o que fazer, as pessoas ali presentes tentaram pegar o gatinho no colo, mas estava furioso pela intromissão daquele ser gigantesco que queria colocar sobre si suas patas sem garras aparentes.

Mas como eram muitos, acabou por ser capturado, momento em que se viu num acesso de raiva e escapou do abraço os arranhando. Não teve sucesso, no entanto, pois ao sair das garras de um humano, foi encurralado e preso por outro, e assim sucessivamente, até entrar em "combustão" e contaminar a última pessoa com quem entrou em contato com o poder da gosma-deus com quem tinha encostado na fuga pelo telhado.

Essa pessoa começou a ser violenta repentinamente e, ao passo que tentavam contê-la, ficava cada vez mais. O efeito de "combustão" parecia um acesso de loucura extrema, em que o ser não racionalizava mais alguma lógica para se ver livre - obra do deus-gosma, que corrompia os seres com quem tivesse contato.

Entre uma confusão e outra, acordando a loucura de quem estivesse dormindo, e fazendo dormir quem estivesse louco, a humanidade se viu num pandemônio que acordou o deus aprisionado no núcleo da Terra.

4. O deus adormecido.

O deus - punido por algo que já não se recorda mais - despertou e começou se desenrolar, lutando para vencer o núcleo, causou catástrofes na superfície do planeta Terra. Com os braços esticados, conseguiu quebrar a superfície, buscando nuvens pra se alimentar e reobter força suficiente pra se ver livre.

Quando finalmente conseguiu romper as barreiras ali impostas, já não restava muito da humanidade, de forma que os deuses que o aprisionaram foram obrigados a tomar alguma medida.

A medida mais óbvia seria restaurar a prisão, retornando a situação ao status quo ante. Porém, como o deus aprisionado obtivera certa energia, seria necessário vencê-lo numa batalha. 

Posicionado para o combate, o recém-liberto com pouca memória do que tinha acontecido antes, não se lembrava de uma inscrição feita em sua cabeça: a constelação de áries, representada pelo carneiro. Consistia num poder que o deus aprisionado detinha, mas bloqueado por meio de uma runa (a constelação), e ao mesmo tempo era o símbolo do seu subjugamento.

Ou seja, a runa representava aquilo a que foi submetido, mas também o seu poder. Ninguém contava, no entanto, com uma expressão dos poderes do deus adormecido: a religião. Mesmo durante seu cativeiro, foi capaz de acessar uma fagulha de seu poder e liberá-lo na Terra como forma de religião, que culminou na aparição do Deus-perfeito-sem-uma-costela, levando a humanidade ao conflito que serviu para desestabilizar as diretrizes da prisão, fazendo com que pudesse despertar.

Em suma, percebeu-se que o deus prisioneiro inicialmente lançou como último recurso em seu cárcere a religião, que deu origem ao deus-gosma, e usava do caos para se propagar. 

5. Caos.

Caos foi convocada para combater o deus recém desperto. Caos tinha o poder de se replicar em até sete seres, causar confusão e desordem. Enquanto o deus era poderoso pela força, ela o combatia pelo babel, pois confundia a visão do oponente pelo corpo e pela voz - era visível e invisível ao mesmo tempo, e falava línguas desconhecidas e ainda assim era compreendida, o que confundia ainda mais o ouvinte. O deus poderia capturar uma réplica, mas não fazia efeito negativo a não ser que fosse a original.

Junto dela, os deuses-nórdicos do Olimpo foram capazes de vencer o deus, unindo as sete réplicas com outros aspectos dos poderes dos deuses olimpos, fazendo com que o deus recém liberto voltasse à sua forma original e mais fraca (carneiro), e criaram uma nova terra para servir de prisão. E dessa vez, Caos - a personificação do poder que o deus aprisionado lançou sobre a Terra - decidiu não mais governar. Deixou o poder do caos para outro ser/entidade tomar conta, fazendo com que a Terra se tornasse uma espécie de paraíso.

6. O fim do começo.

Nesse paraíso, os seres coabitavam em harmonia.

Na casa de mamãe, alguém viu uma rosa linda no jardim e pediu a uma criança para colhe-la, já que se encontrava sem espinhos. Porém, ao sentir que a criança se aproximava com aquela intenção, a rosa jogou seus espinhos no ar, impedindo-a de arrancá-la do solo.

Passamos a entender então que podíamos nos comunicar de forma não verbal com as plantas - com a natureza - e resolvi chamar a nonna (que ama flores), para ser abraçada pelas samambaias.

O poder do caos iria se manifestar em algum momento da história, mas não agora. Agora teríamos o prazer de viver em harmonia por um tempo com a natureza.

Fim.

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Esse foi o sonho que tive antes de acordar no dia 17/03/2021.

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É assim

Meninas olham todos os aspectos de um menino, mas o que notam/desejam primeiro sãos os olhos, a feição. Porque é isso que importa: o que ele tem a oferecer a você. O corpo e afins são só o ônus disso tudo.