Pular para o conteúdo principal

Enquanto cozinha-se o feijão.

Enquanto procurava o local perfeito para a boa leitura notei que os animais estavam inquietos. As galinhas ciscavam em todos os lugares como se tivessem perdido um pintinho; os patos corriam de uma sombra à outra na tentativa de fugir do sol; os cavalos cavavam a terra como se houvesse algum inimigo ali embaixo; e, o que mais me chamou a atenção, uma vespa que corria (voava) loucamente fazendo círculos e 8 no ar - acho que se perdeu no caminho de casa quando lembrara-se de que havia deixado o feijão no fogo.
É verão e quando não há sol há chuva. Mas entenda: ou é muito calor, ou muito entediante. Deveria haver um meio termo entre sol/chuva! o que me lembra quando era criança, meus primos e eu reunidos no natal e festividades em família desenhamos no chão nuvens quando fazia muito calor e sóis quando chovia muito. Sem contar as cantigas:
- Sol e chuva: casamento de viúva. Chuva e sol: casamento de espanhol. Sol e chuva...
Voltando à minha leitura, delicio-me com bela história de menina que saia da casa para trabalhar e encontrava no mundo exterior à sua varanda uma chance de crescer. Crescer como pessoa, como gente, como quem procura algo melhor. A história seguia maravilhosamente como sempre: achava um emprego, alguém interessante, casavam-se e tinham filhos. Voltava com ela a família à seu local de origem: o passado. Celebravam todo e qualquer sucesso e viviam feliz para sempre.
Mal percebi que chovia e já era escuro. Correndo por entre folhas caídas de galhos apinhados de goiabas e cajus voltei para casa. Era bom estar livre das finas e frias gotas que caiam da noite, fazendo com que buscasse o calor do fogão à lenha. 

Balançando à rede percebo novamente o beija-flor que há muito não visitava as flores que cultivava no quintal. Voava para frente e para trás, beijando-as uma a uma. De repente sumia e no dia seguinte voltava ao seu último romance floral. O papagaio lutando contra a gaiola cantava e cantava, era uma música louca e ritmada. Quem o prendeu ali? E perto dele havia um conjunto de teias com suas aranhas. Sempre quis saber quem as ensinou desenhar a teia e, depois de muito observar as curvas, nós e retas, pude copiar seu estilho. 
Mamãe pede ajuda; pede que eu cozinhe o feijão.

Comentários

Índia disse…
Gabi, o seu texto é tão singelo que me senti flutuando ao lê-lo. Você é muito sensível. Não sei qual suas escolhas para cursos de nível superior, mas mesmo que estejam voltadas para exatas, não desperdice a oportunidade de explorar seu talento literário.

Postagens mais visitadas deste blog

:)

sobre leitura

Minha mãe é professora, e meu pai era policial. Ambos valorizavam muito a educação como forma de vencer na vida, a exemplo da história deles. Certa vez, buscando incentivar a leitura em nós (Barb e eu), pra que isso levasse ao gosto pelo estudo, papai nos levou à Biblioteca Monteiro Lobato e deixou que cada uma escolhesse um livro pra levar pra casa. Obviamente eu escolhi gibi da Mônica, porque eram inacessíveis pro nosso contexto econômico. Papai deixou. Porém, na próxima vez que nos levou lá, fui seca nos gibis novamente. Ele disse que eu poderia ler um pouco lá na biblioteca mesmo, mas que para levar pra casa eu deveria escolher algo diferente. Então, comecei a passear pelas prateleiras, analisando tudo o que tinha ao meu alcance, até encontrar um livro perfeito pra ler naquela semana. Fiquei namorando um livro enorme e cheio de fotos de Shakespeare, mas como ele tinha um número considerável de páginas (informação importante pra Gabi criança) eu pensava nele como uma meta - quando e...

É assim

Meninas olham todos os aspectos de um menino, mas o que notam/desejam primeiro sãos os olhos, a feição. Porque é isso que importa: o que ele tem a oferecer a você. O corpo e afins são só o ônus disso tudo.