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Mario Quintana vs Gabriela Bernardi

NÃO DESPERTEMOS O LEITOR 
Os leitores são, por natureza, dorminhocos. Gostam de ler dormindo. Autor que os queira conservar não deve ministrar-lhes o mínimo susto. Apenas as eternas frases feitas. "A vida é um fardo" - isto, por exemplo, pode-se repetir sempre. E acrescentar impunemente: "disse Bias". Bias não faz mal a ninguém, como aliás os outros seis sábios da Grécia, pois todos os sete, como há vinte séculos já se queixava Plutarco, eram uns verdadeiros chatos. Isto para ele, Plutarco. Mas, para o grego comum da época, deviam ser a delícia e a tábua de salvação das conversas. Pois não é mesmo tão bom falar e pensar sem esforço? O lugar-comum é a base da sociedade, a sua política, a sua filosofia, a segurança das instituições. Ninguém é levado a sério com idéias originais. Já não é a primeira vez, por exemplo, que um figurão qualquer declara em entrevista: "O Brasil não fugirá ao seu destino histórico!" O êxito da tirada, a julgar pelo destaque que lhe dá a imprensa, é sempre infalível, embora o leitor semidesperto possa desconfiar que isso não quer dizer coisa alguma, pois nada foge mesmo ao seu destino histórico, seja um Império que desaba ou uma barata esmagada. (QUINTANA, Mário. Prosa & Verso. 6. ed. São Paulo: Globo, 1989, p. 87)

O lugar comum é a sua zona de conforto sua segurança pessoal,  é o que te possibilita viver uma vida pacata sem aventuras sem medos e sem perigos. É o lugar onde ser original ou cópia não importa, porque É O SEU LUGAR e lá não se deve satisfação a ninguém nem a si mesmo. Apenas viva, mesmo que pacatamente, viva, chore, ame, ria, bata, grite, pule, desde que isso não implique a zona de outrém.

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